Quando a raiva vira oração

Acolher o que se passa em mim tem sido um processo gratificante. Hoje escrevo diretamente a minha reflexão a partir do que sentia. Obrigada por estar aqui.

Sinto o fígado na cabeça, na garganta, reclamando – não apenas dos excessos da minha gula, eu bem sei, mas da raiva contida em mim.

Raiva da sociedade, do mundo agressivo em que vivemos, em que a minha filha vive. Falta de respeito, abusos, violência nas diferentes esferas da vida.

Abro espaço para a raiva neste momento. Não quero controlá-la, quero que ela esteja bem viva e genuína para que seja potência transformadora. 

Que ela me dê força motora para inspirar, ensinar e cultivar coisas verdadeiramente boas.

Quero me sentir nutrida, não contida. Quero que as minhas palavras abracem uma pessoa que precise neste momento. Quero que as minhas ações transformem a violência do mundo em um choro descontrolado e revigorante, que lave a alma, que se traduza em rendição, confiança, em abraços gentis, em cuidado, em paz, ou simplesmente num querer bem.

É preciso muito, mas que ao me sentir suficiente nos meus passos modestos, faça com que outra pessoa também se permita sentir suficiente o bastante para a própria vida.

Que eu tenha uma coragem viva, medos conscientes, uma fé amorosa.

Que eu deixe ir as incoerências presentes com total desapego.

Que eu possa amar incondicionalmente e me sentir amada assim também.

Que eu seja feliz vivendo o meu propósito complexo e difícil. Que eu possa irradiar essa alegria.

Que eu sinta a vida.

Que eu saiba sempre que “por agora, respirar é o bastante.”

Sinto a raiva em mim.

Sinto a raiva abraçada pela paz. 

Não sinto os incômodos no corpo. 

Estou bem.

Com amor,

Cíntia Thurler

Picture of Cintia

Cintia

Bióloga, Professora de Mindfulness Neurocognitivo, Coach e Terapeuta Holística em formação, dentre outras coisas. A minha intenção ao escrever é sobretudo partilhar a minha humanidade. Por vezes pura e simplesmente, por vezes trazendo informações científicas e mais que relevantes para o nosso desenvolvimento. O meu propósito de vida é cuidar e sei que quando temos informações, temos liberdade de escolha e que quando partilhamos a nossa humanidade, nos sentimos acompanhados. Vamos juntos.

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