Algo que não quero experienciar mais na minha vida frequentemente c a facilidade com que fico irritada. Identifiquei e venho identificando como de um momento para o outro sinto-me sobrecarregada, como se muita coisa fosse exigida de mim na mesma hora.
Sinto-me assim agora mesmo. TV ligada, minha filha rodopiando de um lado para o outro, a Duda, nossa cadela, correndo atrás do Chuchu, nosso gato, a máquina de lavar roupa ligada. A vontade é a de jogar tudo para o alto e não fazer absolutamente nada. Absolutamente nada.
Como uma criança fazendo birra.
Curioso é notar que essa irritabilidade fácil é um padrão em mim. Sempre que não consigo estar num ambiente calmo para me concentrar no que preciso fazer, isso acontece. Vejo neste momento o quanto esse hábito me atrasou no meu próprio desenvolvimento. Afinal, fiz esse movimento de me travar por causa do ambiente vezes sem fim.
Agora que levo a minha atenção ainda mais para essa questão vejo claramente que é, na verdade, uma forma de me sabotar na crença de que sou “inútil” (meu apelido gentil de infância). Que interessante!
E também agora, vou sentindo os meus pés no chão, me acolhendo por viver por tanto tempo de uma forma diferente da que eu quero e acredito porque, afinal, não estava consciente. Ao mesmo tempo, vou ajustando a minha postura, sentindo o meu corpo, nos seus confortos e desconfortos (há mais desconfortos) e vou abrindo espaço, materializando a postura que quero assumir diante da minha vida: gentil e destemida. Corajosa, coerente, sustentável.
Uau, estou mais calma, notando que o ambiente ao meu redor não mudou, mas o ambiente interno mudou, mudando assim a minha realidade. Meu coração bate mais devagar e sou capaz de ver o quanto sou feliz e sortudo por viver imersa em amor incondicional e divertido. Há ternura para onde eu olho e aproveito para fazer uma nota mental:
“Eu não controlo o ambiente externo, mas tenho tudo para regular o ambiente interno.”
Devo confessar que a minha proposta era escrever sobre outro tema neste momento, e que usei a escrita como forma de trazer a minha presença e regular as minhas emoções. Público este texto sem qualquer alteração porque acredito que nada pode ser mais valioso do que a experiência viva, a humanidade compartilhada em primeira mão.
E me conta, o que esta breve leitura te trouxe à mente?
Com carinho,
Cíntia Berriel de Lima Thurler
Escrito à mão, por uma inteligência orgânica e natural.