Eu me lembro de ver, na época da escola, os meus amigos desistirem do emprego que sempre sonharam porque “era muito difícil passar nos exames, no vestibular”. Ainda hoje vejo dia após dia pessoas infelizes com o trabalho porque “estão velhas demais para começar de novo”.
Isso sempre me fez muita confusão porque como é possível se contentar com algo do qual está insatisfeito, que pode ser motivo de stress e de tristeza?!
Hoje até compreendo as razões por detrás dessas decisões, mas mesmo assim. Do meu ponto de vista, mais vale investir em 3 anos de aprendizado, ou até 5 ou mais, para iniciar uma nova etapa que seja satisfatória e feliz, do que abrir mão desse período em nome de um suposto conforto.
Veja bem:
Ser feliz é DIFÍCIL.
Ser infeliz é DIFÍCIL.
Cabe a nós escolhermos a dificuldade que queremos viver.
De qualquer forma, não há certo nem errado. Sempre fui criticada e incompreendida por ver as coisas dessa maneira… mas também sei que muita gente teve a coragem de mudar o rumo das coisas por terem acesso à minha visão. Hoje sinto-me em paz com isso.
Mas como não podia ser diferente, hoje trago provas científicas de que existe um potencial ilimitado de aprendizagem no nosso cérebro para que possamos ter as informações suficientes para fazermos escolhas mais conscientes.
Trata-se da Neuroplasticidade ou Plasticidade do Cérebro!
Ela pode ser definida como a capacidade do sistema nervoso de alterar sua atividade em resposta a um estímulo, reorganizando sua estrutura, função e conexões neuronais.
E ela pode ser “dividida” em 3 categorias: a plasticidade estrutural e a plasticidade funcional e a plasticidade sináptica.
A plasticidade estrutural pode ser descrita como a capacidade dos neurônios de mudar sua estrutura física devido ao aprendizado, o que altera o volume ou a proporção da matéria cinzenta no cérebro. Esses tipos de mudanças estruturais também ocorrem durante o desenvolvimento e o crescimento, com os neurônios viajando de sua origem para sua posição final dentro do cérebro.
A plasticidade funcional, por outro lado, pode ser definida como a capacidade do cérebro de adaptar ou alterar as propriedades fisiológicas dos neurônios.
Curiosamente, a região do hipocampo do cérebro demonstra plasticidade cerebral, incluindo plasticidade estrutural e funcional na idade adulta.
A plasticidade sináptica tem um papel significativo na manutenção das conexões neuronais e leva a mudanças na estrutura das sinapses e espinhas dendríticas, bem como na formação de novas sinapses e nas alterações dos axônios.
A neuroplasticidade reconstrói a função cerebral e repara distúrbios do desenvolvimento.
Mas isso quer dizer que eu não preciso fazer nada e vou ter sempre a capacidade de aprender e de restabelecer o meu cérebro?
Sim e não.
A capacidade existe, essa habilidade está aí, presente na sua estrutura. Por isso, sim.
Mas como não é diferente com o restante de todo o corpo, é preciso CUIDAR. E os cuidados são nada mais nada menos do que as nossas necessidades mais básicas: alimentação saudável, sono, socializar e, bem , fortalecer o cérebro aprendendo sempre coisas novas e praticando mindfulness 😉
A verdade é que qualquer coisa que você queira aprender, qualquer mudança que você queira promover, o seu cérebro (logo, você) vai se adaptar. Por mais assustador que seja fazer algo diferente, o resultado pode ser a sua felicidade. E você merece ser feliz.
De novo…
Se manter saudável é DIFÍCIL.
Não ser saudável é DIFÍCIL.
Qual é a sua escolha?
Faz sentido pra você?
Me conta a sua opinião.
Com carinho,
Cíntia
Referências
- Khan M, Neuroplasticity: Rewiring the Brain, https://www.news-medical.net/health/Neuroplasticity-Rewiring-the-Brain.aspx
- Puderbaugh M, Emmady PD. Neuroplasticity. National Library of Medicine. Published May 1, 2023. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK557811/
- Joshua AM. Neuroplasticity. Physiotherapy for Adult Neurological Conditions. Published online 2022:1-30. doi:https://doi.org/10.1007/978-981-19-0209-3_1
- Dorszewska J, Kozubski W, Waleszczyk W, Zabel M, Ong K. Neuroplasticity in the Pathology of Neurodegenerative Diseases. Neural Plasticity. 2020;2020:1-2. doi:https://doi.org/10.1155/2020/4245821
- Marzola P, Melzer T, Pavesi E, Gil-Mohapel J, Brocardo PS. Exploring the Role of Neuroplasticity in Development, Aging, and Neurodegeneration. Brain Sciences. 2023;13(12):1610. doi:https://doi.org/10.3390/brainsci13121610
- Kumar J, Patel T, Sugandh F, et al. Innovative approaches and therapies to enhance neuroplasticity and promote recovery in patients with neurological disorders: A narrative review. Cureus. 2023;15(7). doi:https://doi.org/10.7759/cureus.41914