Vale um carinho para cada pensamento cruel

Olhar para o meu corpo sempre veio acompanhado de autocríticas, auto julgamentos e repreensões duras dentro de mim. Hoje isso não acontece tanto, pelo menos não que eu perceba, mas vejo fotos de quando eu era mais nova, me acho linda e penso em como eu pensava mal de mim na altura.

SER CAPAZ DE ME RELACIONAR COM O MEU CORPO COM GENTILEZA ME PERMITE ESTAR EM PAZ.

E digo isso porque recomecei, há pouco tempo, a praticar yoga e como tem estado muito quente eu fui um dia de bermuda. A cada posição eu me olhava ao espelho. Num primeiro momento eu ignorei o que via ali porque eu não ia mudar nada do que estava fazendo porque não gostava do que via. 

Mas à medida que a aula foi progredindo, fui me deparando cada vez mais com o meu reflexo, com o tamanho do meu quadril, da minha barriga, das minhas pernas, dos meus braços. E, veja bem, estou com 25 kg a mais do que o peso que gosto de estar. 

Decidi olhar para o meu reflexo de forma contemplativa, observando o que é o meu corpo é da forma que é. Reparei nos pensamentos negativos que surgiam: “Nossa, quanta celulite”; “que horror, como você pôde deixar isso acontecer”; “você não tem vergonha não?”; “você está horrível”. Eram pensamentos duros, mas decidi não dar atenção para eles, afinal se o fizesse, a única coisa que aconteceria era eu me sentir mal e parar de prestar atenção na aula. 

Entretanto reparei numa coisa nova, reparei que eu fazia carinho nas minhas pernas a cada pensamento e isso era algo novo. Passei a estar atenta e reparei que ando fazendo isso… quando penso mal da minha barriga, faço-lhe carinho dizendo que está tudo bem e o mesmo com o resto do corpo. 

É emocionante saber que tenho me cuidado quando surgem pensamentos cultivados em mim por comparação a um padrão externo, social, de beleza. 

Ao longo dos últimos anos eu aprendi a olhar para o meu corpo como uma expressão de tudo o que vivi. E são do jeito que são por isso, ele aguenta muita coisa (inclusive as “palavras” abusivas de padrões mentais), me leva a muitos lugares, faz coisas sem fim e mais importante, ele me dá a oportunidade de viver e acredita em mim, e se mantém vivo mesmo quando cuido tão precariamente dele. 

Alimentação ruim, falta de exercício, excesso de cansaço, falta de afeto, excesso de coisas que fazem mal, enfim… nós conhecemos bem esta realidade ♥

E pela primeira vez notei o que se parece um hábito na direção do autocuidado. 

Da forma como agi, os meus pensamentos não me magoaram, não me colocaram em sofrimento, e isso é valioso demais. 

Vejo que autocuidado também se faz presente a partir da prática, e que de fato o corpo ensina a mente de forma mais interessante. 

Se decidi partilhar esta experiência, não é para dizer que sou algum tipo de mestre neste sentido, mas para dizer que tenho praticado a minha atenção para “olhar” pela forma como me trato e que isso tem se refletido na minha forma de agir. Além disso, e mais importante, para te mostrar que autocuidado de verdade vem de dentro

Vem da forma como escolho agir diante dos pensamentos que me fazem mal, vem do que eu decido fazer diante do estresse, vem de um alongamento, de uma massagem no rosto, de tirar uma roupa que incomoda, de beber água para se manter hidratado, de escolher alimentos nutritivos, vem de receber um abraço, de fazer pausas para respirar um pouco de ar puro na janela, de olhar para a natureza e admirar a sua beleza, vem de descansar, de cuidar do ambiente para dormir bem, vem de dentro. 

Aproveite este momento para pensar em 1 coisa que te faz bem, que traz suavidade para a sua vida, que é simples e parta apenas de você, e faça. 

O seu corpo merece. Você merece.

Com carinho,

Cíntia

Picture of Cintia

Cintia

Bióloga, Professora de Mindfulness Neurocognitivo, Coach e Terapeuta Holística em formação, dentre outras coisas. A minha intenção ao escrever é sobretudo partilhar a minha humanidade. Por vezes pura e simplesmente, por vezes trazendo informações científicas e mais que relevantes para o nosso desenvolvimento. O meu propósito de vida é cuidar e sei que quando temos informações, temos liberdade de escolha e que quando partilhamos a nossa humanidade, nos sentimos acompanhados. Vamos juntos.

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